
Detecção da Covid-19 na rede de esgoto é capaz de prever tendência de casos da doença
Projeto desenvolvido pela Universidade Federal do ABC é financiado pelo MCTI por meio de edital em parceria com o CNPq/MCTI e o Ministério da Saúde

Com apoio da RedeVírus MCTI, pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC) promovem o monitoramento do vírus da Covid-19 por meio de análise nos esgotos de 5 pontos da região do ABC paulista. Os dados do projeto, iniciado em junho de 2020, permitem antecipar o aumento de casos da doença em 2 a 14 dias, principalmente quando a análise é feita em pontos com menor população, como vilas, bairros e condomínios.
O estudo também estima que a quantidade de infectados assintomáticos, que não entram nas estatísticas oficiais de testagem, seja de 2 a 3 vezes os casos notificados. Segundo o coordenador da iniciativa, professor Rodrigo de Freitas Bueno, os resultados podem ser usados para criar um sistema de alerta precoce, identificar pontos críticos da Covid e orientar ações de saúde pública, como estratégias de testagem, rastreamento de casos e preparação da infraestrutura de saúde.
“Os resultados obtidos nos últimos 7 meses do estudo permitem observar claramente os locais onde não havia a presença do RNA viral e que nas últimas semanas passaram a ter uma elevada carga viral, que posteriormente foi refletida nos números das Secretarias de Saúde. Nesse sentido, os resultados podem ser usados para alertar as comunidades, rastrear a propagação e direcionar ações de enfrentamento à pandemia, como limitar o tamanho das reuniões, vagas de edifícios e modalidades escolares, além de avaliar o sucesso de tais intervenções”, afirma.
Outros países também contam com projetos desse tipo em combate à pandemia. A análise epidemiológica em águas residuais também é uma estratégia para combate ao poliovírus, que causa a poliomielite. “Semelhante ao poliovírus, o RNA da Covid-19 é eliminado por muitos indivíduos infectados nas fezes e é relativamente estável no esgoto. Os métodos geralmente envolvem a concentração de partículas virais no esgoto e ensaios de biologia molecular como por exemplo o PCR em tempo real que permite detectar pequenas concentrações de RNA do vírus”, diz Bueno.
O projeto
O próximo passo do estudo é ampliar o número de pontos de monitoramento e integrar o projeto a ações da Secretaria Municipal de Saúde. O projeto foi escolhido pelo edital do MCTI em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), fundação vinculada à pasta, e o Ministério da Saúde, e tem duração de 2 anos.
O monitoramento acontece em regiões com diferentes classes sociais, acesso a hospitais e infraestrutura de saneamento. O esgoto é coletado semanalmente em locais específicos, que vão desde estações de tratamento de esgoto que atendem mais de 1 milhão de pessoas até locais restritos, como um bairro de 570 habitantes.
Fonte: https://www.gov.br/mcti